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terça-feira, 22 de junho de 2010

ZONA RURAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL - SILVA JARDIM



Marla R. D. de Morais





1 – INTRODUÇÃO





A problemática ambiental é uma questão que assola a humanidade há tempos. Os problemas no antigo Egito, no Oriente Médio, na Índia e na China, as chamadas “civilização hidráulica”, por exemplo, referentes à obtenção e qualidade da água já fora citado por inúmeros autores, em tempos remotos.



No Brasil, na cidade de São Paulo, por exemplo, a problemática ambiental referente à escassez de água observada já datava o século XIX, como na citação a seguir:



“Mas a própria insuficiência de água para as necessidades dos moradores era um problema que não podia se resolver de forma satisfatória. Em 1831 falava-se mais uma vez na falta de água que se notava nos chafarizes, [...] Em 1852, [...] se tornava cada dia mais sensível na cidade a escassez de água potável e que o encanamento contratado [...] não só não abastecia a Cidade Nova e os arrabaldes paulistanos, como não podia nem mesmo remediar a situação do abastecimento na zona central” (2).





A preocupação com a qualidade ambiental mostrada nessa passagem evidencia que o crescimento da mesma vem ocorrendo gradativamente de acordo com a evolução da sociedade, e, à medida que os problemas cruciais exigem soluções. Soluções essas, que vêm sendo realizadas pelo poder público, em seus códigos e legislações, em alguns casos exigindo que os diferentes níveis de governos intervenham de forma direta nos mesmos.



As viagens realizadas pelos cidadãos do século XIX, não somente pelos moradores locais, mas principalmente de outros estados e países, propiciou uma troca de experiências, que oportunizou a aquisição de inovações e aperfeiçoamento de tecnologias usuais para a resolução ou minimização dos problemas observados nesse século.



No século XX, mais precisamente na última década desse, essa troca de experiência ganhou uma amplitude ainda maior com as conferências internacionais, que acabou por assumir o papel dos antigos viajantes, adquirindo dessa forma, um caráter para assinaturas de convenções e de protocolos internacionais (11).



Diante de problemas ambientais em caráter crescente e preocupações mundiais relacionadas a essa situação, questiona-se qual deve ser o papel ocupado pela zona rural em busca do desenvolvimento sustentável do planeta Terra no século XXI.





2 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL





As mais diversas instituições (academias, Ongs, órgãos governamentais e privados) vêm realizando um enorme esforço, na tentativa de teorizar o desenvolvimento sustentável. Como resultado dessa tentativa, tem-se a elaboração inúmeros conceitos e propostas, demonstrando que não existe consenso de doutrina sobre a questão.



O conceito de desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez na Assembléia Geral da ONU, em 1979, (5) indicando que o desenvolvimento poderia ser um processo integral que inclui dimensões culturais, éticas, políticas, sociais, ambientais, e não só econômicas. A busca pelo desenvolvimento sustentável requer entre tantos saberes, conhecimentos provenientes da Ecologia. O mesmo autor afirma: que o maior desafio dos ecologistas é convencer os pobres que não se trata apenas de limpar os rios, despoluir o ar, reflorestar os campos devastados para termos uma vida melhor num futuro distante. Mas também de dar uma solução, simultaneamente, aos problemas ambientais e aos problemas sociais (5). Sim, pois os problemas que são tratados pela Ecologia não afetam apenas o meio ambiente, mas também o ser mais complexo da natureza: o ser humano que é dependente da natureza para manter sua sobrevivência, embora seja o animal que mais possua a capacidade de modificá-la. Porém não podemos esquecer que o conceito de “desenvolvimento” não é um conceito neutro (3).



O desenvolvimento, enquanto palavra, assume vários significados estando relacionada, em um primeiro momento, ao crescimento, aumento da produção e a prosperidade. Desta forma, associamos instantaneamente desenvolvimento aos avanços econômicos, expressando-se através do crescimento econômico e do progresso tecnológico (4).



Pereira (2002), considera por desenvolvimento sustentável um conjunto complexo de ações econômicas e sociais, cuja racionalidade está orientada pela participação de seus agentes organizados, para garantir o acesso destes aos benefícios da produção igualmente por todos. E se coloca distinto dos modelos autoritários de desenvolvimento que privilegiam os interesses das elites na acumulação do capital às custas da exclusão social da maioria de suas populações, tanto nos países ricos, quanto nos países pobres.



Segundo Falcão, a categoria desenvolvimento deve ser compreendida não como sinônimo de crescimento econômico nem como decorrência natural deste, apesar de contemplar esta dimensão. Antes de tudo, desenvolvimento é mudança social (alterações no capital humano e social) e mudança política (alterações nos padrões de organização e nos modos de regulação das sociedades). Deve ser notado que o desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de harmonia, mas sim, um processo de mudança pelo qual deve passar e assumir a sociedade contemporânea.



Na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos – o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental – surgiu a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita na atualidade, onde afirma-se que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro (15).





2.1 – Componentes do Desenvolvimento Sustentável





2.1.1 – Sustentabilidade ambiental



A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável, podendo igualmente designar-se como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as condições de vida para as pessoas e para outras espécies e a qualidade de vida para as pessoas, tendo em conta a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias renováveis. As Nações Unidas, através do sétimo ponto das Metas de Desenvolvimento do Milênio procura garantir ou melhorar a sustentabilidade ambiental, através de quatro objetivos principais:







  1. Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos naturais.




  2. Reduzir de forma significativa a perda da biodiversidade.




  3. Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e saneamento básico.




  4. Alcançar, até 2020 uma melhoria significativa em pelo menos cem milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza (15).


2.1.2 – Sustentabilidade econômica



A sustentabilidade econômica, dentro do âmbito do desenvolvimento sustentável é um conjunto de medidas e políticas que visam à incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. Aos conceitos tradicionais de mais valias econômicas são adicionados como fatores a ter em conta, os parâmetros ambientais e socioeconômicos, criando assim uma interligação entre os vários setores. Dessa forma, o lucro não é somente medido na sua vertente financeira, mas também na vertente ambiental e social, o que favorece um uso mais correto tanto das matérias primas, quanto dos recursos humanos. Acrescenta-se ainda a incorporação da gestão mais eficiente dos recursos naturais sejam eles minerais, matéria prima como madeira ou ainda energéticos, de maneira a garantir uma exploração sustentável dos mesmos, ou seja, a sua exploração sem promover o seu esgotamento, sendo introduzidos elementos como nível ótimo de poluição ou as externalidades ambientais, acrescentando aos elementos naturais um valor econômico (15).





2.1.3 – Sustentabilidade sociopolítica



A sustentabilidade sociopolitica centra-se no equilíbrio social, quer na sua vertente de desenvolvimento social, como socioeconômica. É um veiculo de humanização da economia, ao mesmo tempo em que pretende desenvolver o tecido social, nos seus componentes humano e cultural. Neste sentido, foram desenvolvidos dois grandes planos: a agenda 21 e as metas do desenvolvimento do milênio.



è A Agenda 21 é um plano global de ação a ser tomada a níveis: global, nacional e local, por organizações das Nações Unidas, governos, e grupos locais, nas diversas áreas onde se verificam impactos significativos no ambiente. Em termos práticos, é a mais ambiciosa e abrangente tentativa de criação de um novo padrão para o desenvolvimento do século XXI, tendo por base os conceitos de desenvolvimento sustentável.



è As Metas da Desenvolvimento do Milênio (MDM) surgem da Declaração do Milênio das Nações Unidas, assumida pelos 191 estados membros no dia 8 de Setembro de 2000. Criada em um esforço para sintetizar acordos internacionais alcançados em várias cúpulas mundiais ao longo da década de 90 referentes ao meio ambiente, desenvolvimento, desenvolvimento social, direito das mulheres, racismo, entre outras, a Declaração traz uma série de compromissos concretos que, se cumpridos nos prazos estabelecidos, conforme os indicadores quantitativos que os acompanham, deverão melhorar o destino da humanidade neste século. Esta declaração cita que os governos "não economizariam esforços para libertar nossos homens, mulheres e crianças das condições abjetas (baixas) e desumanas da pobreza extrema", tentando reduzir os níveis de pobreza, e promovendo o bem-estar social. Estes projetos são monitorados com recurso ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida (15).





3 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL RURAL





Segundo Leite (1983) “O desenvolvimento rural almeja viabilizar o desenvolvimento econômico em moldes mais equilibrados socialmente, com o máximo de eficiência organizacional, pretendendo viabilizar as transformações econômicas e sociais na área rural, reduzindo os desníveis existentes atualmente entre áreas rurais e a vida urbana metropolitana”.



O desenvolvimento rural é um conceito abrangente e não se restringe às atividades produtivas de bens originados da terra. O importante a considerar é o espaço rural, onde ocorrem variadas atividades de apoio ao processo produtivo e o desenvolvimento sócio-econômico ambiental. O Desenvolvimento Rural Sustentável é uma estratégia para um tipo de desenvolvimento que possibilite verdadeiras melhorias na qualidade de vida humana (4).



O processo de elaboração do desenvolvimento rural sustentável tem como uma de suas principais finalidades a contribuição com a mobilização social dos comunitários para que haja inclusão social e se transformem em atores que assumam seu papel de agentes do desenvolvimento (4).



Esta mobilização abre espaços para o diálogo e capacita o capital humano local, elementos considerados essenciais para a continuidade e sustentabilidade do desenvolvimento rural, pois possibilita e respeita o protagonismo local e promove articulações. Desta maneira, o processo de descentralização é fortalecido, viabilizando a governabilidade local (4).



Para que ocorra o desenvolvimento rural é necessário também que haja investimento econômico na melhoria das condições naturais, tais como: insumos, fomento, atividades de apoio, capacitação de técnicos e dos agricultores. Todavia, para que ocorra desenvolvimento social como conseqüência do econômico é necessário que se melhore as condições de habitação, saúde, alimentação, educação, dentre outras, bem como que se incentive a participação da população no planejamento e na execução dos planos e projetos (4).





4 – ZONA URBANA E ZONA RURAL





Um país de grandes proporções como o Brasil, onde cada região apresenta-se como única, com características impares e com gigantescas diferenças culturais, sociais, populacionais, físicas e políticas, configura em regiões, como o Sudeste brasileiro, suas próprias peculiaridades e diversidades. Partindo para uma visão mais particular, o estado do Rio de Janeiro apresenta uma singularidade ainda mais interessante, com mares, praias, montanhas, rios e cachoeiras. Com uma zona urbana em processo crescente e uma zona rural pedindo socorro.





4.1 - Zona Urbana





Zona urbana é a área de um município caracterizada pela edificação contínua e a existência de equipamentos sociais destinados às funções urbanas básicas, como habitação, trabalho, recreação e circulação.



No Brasil, a Lei Nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 define que a zona urbana deve observar o requisito mínimo da existência de melhoramentos em pelo menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:



I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;



II - abastecimento de água;



III - sistema de esgotos sanitários;



IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros do local considerado.



A legislação municipal pode ainda considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constante de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nesses termos (14).



4.2 – Zona Rural



Por oposição as zonas urbanas, as zonas rurais (ou o meio rural, ou campo) são definidas como as regiões no município não classificadas como zona urbana ou zona de Expansão Urbana, não urbanizáveis ou destinadas à limitação do crescimento urbano, utilizadas em silvicultura (arte de plantar e explorar florestas), atividades agropecuárias, extrativismo, agroindustriais, e conservação ambiental.



Embora tradicionalmente estas áreas tenham sido inicialmente utilizadas para a agricultura ou pecuária, nos dias atuais grandes superfícies podem estar protegidas como uma área de conservação (de flora, fauna ou outros recursos naturais), terras indígenas, reservas extrativistas e ter outra importância econômica, por exemplo, através do turismo rural ou ecoturismo (14).



Embora se apresente como um espaço aparentemente estável, sem indícios de problemas, quando observado mais amiúde, constata-se que o problema rural brasileiro é um dos mais graves do mundo. Em 1960, aproximadamente 60% da população brasileira viviam na zona rural, atualmente 80% da população brasileira vive em regime urbano. A concentração da terra no nosso país é muito elevada. Dados de 1980 demonstram que 5% das maiores fazendas ocupam 70% do território nacional, enquanto 50% das fazendas menores não chegam a ultrapassar os 2% de todas as terras agricultáveis (4).



A zona rural brasileira tem no Desenvolvimento Sustentável um grande desafio. Desafio por se tratar de uma problemática dotada de um grande número de variáveis que se encontram estreitamente inter-relacionadas como a questão de gênero, êxodo rural, qualidade de vida e crescimento econômico e que, só alcançará a compreensão se considerados todos estes aspectos.





4.2.1 – Êxodo Rural



Numa colocação direta, êxodo rural pode ser conceituado como a saída do homem do meio rural para o meio urbano, em busca de melhores condições de vida.



A zona rural de uma maneira geral é bem desassistida. O baixo nível de instrução da população rural reflete na sua baixa capacitação, dificultando a criação de novas alternativas de superação das dificuldades e carências sociais, econômicas e agrícolas. O resultado é uma educação que prepara o jovem para emigrar, pois privilegia e focaliza, apenas, o crescimento urbano-industrial e relaciona o rural ao atraso, isto é, a um modelo social que estaria fadado a se extinguir.



Logo, para que o jovem queira permanecer no campo, torna-se necessária à construção do conhecimento acerca da importância econômica e social que a zona rural tem no desenvolvimento do país; a oferta de curso de capacitação profissional que valorize o conhecimento rural, gerando dessa forma, um pertencimento e valorização do local no qual está inserido.





4.2.2 – A Escola do Campo





O momento histórico pelo qual passa a sociedade é refletido na educação brasileira. Ao longo da história a educação tem sido reflexo e ação dos mais diversos segmentos sociais e econômicos vigentes em nosso país. A escola do campo tem permanecido por muito tempo vinculada a uma imagem conservadora no que diz respeito às questões ambientais e agrárias, enfatizando reformas que se amoldem às demandas políticas e ideológicas responsáveis pela permanência de uma educação excludente e desarticulada com a realidade agrária, sentida nos princípios do século XXI (3).



A elaboração de uma proposta de educação do campo tem por objetivo trabalhar suas especificidades, visto que o meio rural e o urbano têm formas de vida diferenciadas, necessitando de um olhar pedagógico também diferenciado em respeito e valorização do espaço agricultável.



Segundo Therrien (1993) a educação na realidade rural expressa não apenas no espaço escolar, mas nas diversas formas de manifestação do movimento camponês, fato que demonstra a preocupação que as pessoas do campo têm (ou deveriam ter) no planejamento do ensino para o meio rural.



Uma estrutura curricular para o ensino rural vai muito mais além do que simplesmente elaborar legislações, pois estas desde a década de 1930, sempre foram pensadas em nível de papel, esbarraram na prática, porque tinham no seu interior determinações que não vinham ao encontro às expectativas do homem do campo, provocando ao longo dos anos estudos e pesquisas, para elucidar as reais condições de precariedades pelas quais vêm passando as escolas rurais (3).



A escola do campo é dotada de grande responsabilidade, com o educando, seus familiares e a comunidade como um todo, visto que esta pode ser um instrumento essencial para a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais, bem como a proposta da construção coletiva que aproxime o homem da terra, inserindo-o em um projeto de inclusão social, onde o aluno, filho de agricultor, se sinta valorizado e projete na sua vivência comunitária um novo caminho para o desenvolvimento do campo, o desenvolvimento sustentável (3).





5 – SILVA JARDIM E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL





* Sustentabilidade ambiental



Silva Jardim é um município do estado do Rio de Janeiro, que mantêm aproximadamente 43% da área total com cobertura vegetal remanescentes de Mata Atlântica e 64% deste total é parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro (12).



Apresenta em seu histórico, fatos importantes como pertencer a Capitania de São Vicente, uma das duas únicas Capitanias que prosperaram no período de Brasil-Colônia; tem como patrono Antônio da Silva Jardim, um republicano muito ativo no Brasil-Império (7); outro fato vem marcar ainda mais o município: em 1964 foi criada a 1ª Reserva Biológica do Brasil – a Reserva Biológica de Poço das Antas – com uma área de 5000 hectares, objetivando assegurar a sobrevivência do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e da preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); conservar a biodiversidade e os ambientes para o mico-leão; promover a recuperação de áreas degradas, fomentar as atividades de pesquisa científica e monitoramento ambiental (9).



Devido a presença considerável de áreas protegidas, como também ser o município com o maior número de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs – do Brasil, o município alcançou o quarto lugar estadual em áreas verdes. Segundo informações passadas pela SEMMA, esse título garantiu ao município a promessa de recebimento do governo estadual de um repasse de R$ 1.200.000 de ICMS verde, que virá para os cofres da Prefeitura para gasto único, podendo ser empregado em ações diversas, pelo fato da inexistência de uma rubrica própria para ele.



* Sustentabilidade econômica



Através de uma conversa informal com funcionários da EMATER – SJ e da Secretaria Municipal de Agricultura, foi apresentado um projeto que visa à permanência do homem no campo através de ações ligadas ao plantio de pupunha e de frutas. Segundo eles, a palmeira pupunha (espécie amazônica) será para o abastecimento de uma fábrica instalada em Bananeiras, cujos proprietários são franceses. Os mesmos assinarão contrato com os produtores, garantindo dessa forma a compra e o escoamento do produto. Já a produção de frutas, será para o abastecimento da fábrica de sucos instalada em Silva Cunha. Os técnicos acreditam que o lucro será bastante satisfatório para o agricultor, o qual evitará o êxodo rural que em Silva Jardim, não ocorre somente com a saída para outras idades, mas sim, para as áreas urbanas do próprio município.



A primeira etapa do projeto Pupunha já teve início em Bananeiras e a segunda etapa, terá início em Aldeia Velha, respectivamente terceiro e segundo distrito do município. Esse projeto visa o plantio de 500 mil pés da espécie nas áreas agricultáveis de todo o município. Os produtores receberão incentivos como: cursos, equipamentos e sementes (as mudas serão produzias pelo próprio agricultor, no caso de Aldeia Velha e Bananeiras, os demais receberão as mudas prontas). Outro ponto interessante é que esses incentivos não virão em forma de empréstimos, ou seja, o agricultor em nenhum momento terá que devolver o incentivo recebido, seu único investimento será as horas trabalhadas por ele e sua família.



A antiga Lagoa de Juturnaíba, atualmente Represa de Juturnaíba devido às obras feitas nos anos de 1982 e 1984 pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS – (1), também está com um projeto em andamento. O projeto visa a criação de peixes em cativeiro, dentro da própria represa, pois a pesca predatória, que desrespeita o período de defeso, e também a introdução de espécies exóticas como o tucunaré, que é um grande predador que se encontra no topo da cadeia alimentar, prejudicaram assustadoramente a produção pesqueira no local, reduzindo consideravelmente a renda dos pescadores, que chegam a afirmar “que a melhor época para eles, é no período de defeso, pois recebem um salário fixo do governo, que representa muito mais do que eles conseguem pescar em período normais”.



A criação em cativeiro permitirá um uso sustentável das espécies de peixes da Represa, pois a maior parte da pesca virá dessa criação, como também garantirá uma melhor qualidade de vida aos pescadores, devido ao fato desses terem uma renda fixa satisfatória capaz de atender as necessidades familiares, incentivando a permanência da família no local, evitando dessa forma o êxodo rural.



* Sustentabilidade sociopolítica



Atendendo as questões da sustentabilidade sociopolítica Silva Jardim criou o Fórum da Agenda 21 do município. Esse fórum visa a busca de soluções para problemas ambientais através da participação de representantes dos setores: públicos, empresarial, ongs e comunidade.



Atendendo as Metas do Milênio o município criou no ano de 2009, a Secretaria Municipal da Especial dos Direitos da Mulher e das Minorias. Para essa secretaria entende-se por minorias: homossexuais, bissexuais e negros. Especificamente no caso dos negros, auxilia no combate ao racismo.



De acordo com informações colhidas com a Estratégia e Saúde da Família – ESF, uma das coordenações da Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA – entrará em ação a Saúde Rural, um projeto com financiamento do governo federal visando o atendimento especificamente às comunidades rurais de Juturnaíba, Olhos D’água e Cambucaes. Para tanto, esse projeto contará com uma base na comunidade de Juturnaíba e também com atendimentos itinerantes nas escolas das duas outras comunidades. Esse projeto culmina no atendimento de uma das Metas do Milênio que visa realizações de ações que aumentem a esperança média de vida da população. É sabido por muitos o quanto a comunidade rural fica aquém dos atendimentos e que com essa ação a assistência ocorrerá de forma efetiva e pontual.





6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS





Embora na década de 1990 a Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – tenha se inovado no sentido de reconhecer a diversidade sociocultural e o direito à igualdade e à diferença e que, em 2002 tenha sido instituída as Diretrizes para a Educação Básica nas Escolas do Campo, considerando a existência de diferentes grupos humanos que moram e trabalham no campo (agricultores familiares, assalariados rurais, sem-terra, ribeirinhos, extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas, entre outros), cabe ainda o reconhecimento de que a escola rural é um espaço fecundo na construção de práticas emancipatórias da democracia e da solidariedade (8).



À zona rural local responsável pela produção do alimento que sacia a fome mundial, cabe a compreensão do papel que possui no cuidado com o meio ambiente e com a qualidade de vida da população e que, a escola do campo deveria incluir no currículo de estudos questões de grande relevância como as ambientais, políticas, de poder, sociais, culturais, econômicas, de raça, gênero, etnia, sobre tecnologias na agricultura, manejo de pesca, justiça social e paz (8).





7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS





1 – Bidegain, P.; Pereira, L. F. M. 2006. Plano da Bacia Hidrográfica da Região dos Lagos e do rio São João / Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama e Saquarema e dos rios São João, Uma e Ostras. Rio de Janeiro.



2 – Bruno, E.S. Histórias e tradições da cidade de São Paulo. Burgo de Estudantes (1828-1872). Rio de Janeiro: José Olympio; 1954. Volume II.



3 – Castilhos, J. 2008. Educação Rural e Desenvolvimento Sustentável: uma experiência a partir do ensino da geografia na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora Aparecida, RS. In: 4º Encontro Nacional de Grupos de Pesquisa – ENGRUP, São Paulo, pp. 574-592. Vagner Guimarães Ramos; Marilse Beatriz Losekann; Carmen Rejane Flores Wizniewski. Universidade Federal de Santa Maria – RS. Disponível em: www.geografia.fflch.usp.br Acesso: 31/03/10.



4 – Falcão, R. B. M; Oliveira, A. P. S. Um Guia Prático para as Comunidades do Semi-Árido. Disponível em: http://www.proasne.net Acesso em 31/03/10.



5 – GADOTTI, Moacir. 2000. Pedagogia da terra. 3ª ed. São Paulo: Peirópolis.



6 – Leite, P. S. 1983. Desenvolvimento harmônico do espaço rural. Fortaleza – CE: BNB.



7 – Machado, A. da S. 1993. Monografia de Capivarí. Prefeitura Municipal de Silva Jardim. Rio de Janeiro.



8 – Mello, S. S.; Trajber, R. 2007. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Educação Ambiental: UNESCO.



9 – Ministério do Meio Ambiente (MMA) / Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.



10 – Pereira, F. C. 2002. Desenvolvimento Sustentável, Complexidade e Dimensões de um Conceito em Construção. In: Sustentabilidade e Democratização das sociedades rurais da América Latina. VI Congresso da Associação Latino-Americana de Sociologia Rural. Porto Alegre.



11 – Philippi Jr, A; Romero, M. A.; Bruna, G. C., editores. 2004. Curso de Gestão e Auditoria Ambiental. Barueri, SP. Editora Manole.



12 – Rambaldi, D. M., Magnani, A., Ilha, A., Lardosa, E., Figueiredo, P., Oliveira, R. F. 2002. A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Caderno de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, nº 22.



13 - Therrien, Jacques (Org.). 1993. Educação e escola no campo. Campinas: Papirus.



14 – Disponível em: http://br.answers.yahoo.com Acesso: 31/03/10



15 –Disponível em: http://www.wwf.org.br Acesso: 31/03/10